quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Sou mulher transexual e sou feminista!



Sou uma mulher que luta contra o preconceito acima de tudo. Acho mesmo que esse é um mal que corrói nossa sociedade, mina as relações humanas, destrói famílias, separa as pessoas em grupos radicais, que muitas vezes levam à morte muitos seres humanos que não fizeram nada além de existirem como são.

Sempre repudiei mais ainda quando alguém que sofre o preconceito, que se sente discriminado, não pensa duas vezes em fazer o mesmo com os outros. São gays que discriminam transexuais, transexuais que discriminam negros, negros que discriminam deficientes, deficientes que discriminam nordestinos, nordestinos que discriminam travestis e daí esse círculo de discriminação só vai crescendo sem que as pessoas parem para se colocar no lugar das outras. Não vou dizer que eu seja imune ao preconceito, que nunca tenha discriminado alguém, mas sempre quando tive a intenção de praticar esse ato e sempre que esse pensamento surge na minha mente, paro, penso e repenso tudo para ir me melhorando a cada dia. Sim, gente! Porque todos nós, em nossas mentes, discriminamos sim! Uns menos e outros mais. Mas o que fazemos com isso, como trabalhamos isso dentro da gente, é que faz toda a diferença.

No decorrer da minha vida, venho cada vez mais tendo postura, atitudes e pensamentos feministas, porque sempre fui uma feminista. Alias, 2015 foi um ano que esse movimento, essa forma de pensar, ganhou mais espaço na mídia. Sinto que as mulheres estão tendo mais vontade, mais força para falar sobre os aprisionamentos que o machismo causa. Elas estão cada vez mais se revoltando,  querendo saber quais atitudes tomar para que isso melhore. Mas acima de tudo venho percebendo uma mudança, não em atitudes momentâneas de reivindicação de seus direitos, mas uma transformação na sua postura diante desses direitos. Antes me parecia que as mulheres estavam pedindo, hoje sinto como se elas dissessem "-Não mexe nesse direito, porque ele é meu.". E eu sinceramente fico muito feliz. 

Sei que muitos homens são contra o feminismo, dizem que é "mimimi", que é  vitimismo da nossa parte, dizem que precisamos de uma "rola". Mas sinceramente, essa parcela dos homens, que é grande, não me interessa em nada! Sei também que existem as mulheres machistas, que não são poucas, mas essas, sinceramente, espero que um dia a ficha caia, que deixem de ser escravas de homens para se tornarem parceiras deles.

Bem, daí você deve está se perguntando porque comecei o post falando de preconceito e entrei pelo feminismo. Porque acho que machismo e preconceito sempre andaram juntos. Um alimenta o outro em várias formas de discriminação, não todas, claro. Mas o tipo de discriminação que sofri sendo uma mulher transexual, foi determinada pelo machismo. Se o mundo fosse feminista, coisa que está muito longe de ser, certamente  não teria sofrido muito do que sofri até me transformar na mulher que sou. E hoje em dia ainda sofro com o machismo. Portanto minha luta é para que esse mal social diminua, para que os dois sexos possam ter os seus direitos,  para que o homem e a mulher possam se sentir totalmente confortáveis na sociedade. Sei que não verei isso, se tivesse tido filhos diria que nem eles, mas um dia isso será possível e se eu puder plantar uma sementinha hoje, tá valendo.

3 comentários:

  1. Muita saudade de ler seus textos Dama, Cris! Um paragrafo melhor que o outro e eu concordo com tudo o que você disse e me tornei mais e mais feminista a medida que amadurecia na vida porque percebo no feminismo uma forma de lutar contra toda forma de preconceito. Parece que as pessoas acham que cada um deve ter um preconceito para chamar de seu e não percebem que isso é danoso, o feminismo me ajuda a lutar contra meus preconceitos e sair da casinha, abrir horizontes....

    Ah, é um presente na véspera de Natal ler você! Feliz Natal! Que 2016 te traga coisas boas!

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  2. Que bom que você voltou Cris, e com um belo post. O preconceito deve ser vigiado, e como você disse, por mais que lutemos contra, algum resquício ainda temos de policiar. Parar e pensar antes de qualquer julgamento é o melhor remédio. Quem sabe um dia, nosos netos ou bisnetos(tenho esperança) venham a viver numa sociedade mais justa, igualitária e livre desses males...rs. Ser otimista não custa né?
    Abraços e bom retorno ao "lar"..rs

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  3. Texto claro e enxuto, no seu estilo de sempre, dama Cris!E indo ao olho do furacão! ;)

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